ah, a vergonha!
eu sou muito tímida, sempre fui. muita gente não acredita, mas é a mais pura verdade.
eu me esforço pra conversar direito com quem não conheço. já com os outros, amigos e aquela convivência diária, é mais fácil. porque quase todos esses já sabem que eu vou ser irônica e fazer piadas sem graça com quase tudo.
o problema é quando as pessoas não sabem que eu faço isso. eu tendo a falar coisas estranhas nos momentos de silêncio ou logo quando sou apresentada pra alguém ou um grupo. tô aprendendo a me segurar, mas ainda é difícil.
chego, falo, ninguém ri, todo mundo se olha, pensam de onde saí, eu viro e vou espalhar o desconforto em algum outro lugar.
é sempre assim.
mas eu descobri uma coisa. descobri que fico mais envergonhada com situações constrangedoras alheias do que com as minhas.
porque as minhas, bem...me conheço há mais de 20 anos e sei mais ou menos como e quando elas surgem.
os outros, não. os outros SEMPRE me surpreendem. e é por isso que todo esse período pré-votação tem me dado vontade de chorar.
eu, claro, não sou grande entendedora da política. sigo formando minha opinião com o que li, vi, leio e vejo.
no final de semana eu conversava com um amigo sobre as últimas eleições. ele me disse que na primeira campanha que rendeu ao lula a vitória, ele estava na faculdade e com todo aquele frisson estudantil.
- bom, eu lembro mais da reeleição - eu disse - porque na primeira eu estava na oitava série, não me ligava muito nessas coisas...
-NA OITAVA? é...você é novinha.
e como se essa frase não fosse recorrente, pensei que, é, sou novinha mesmo.
já li tanto sobre presidentes, eleições, diretas já, debates, manipulação da globo, ditadura, collor, e percebi que diferença mesmo só me fez a eleição do atual presidente.
mas, ó, se continuar esse show de vergonha alheia nas entrevistas, debates e campanhas, vou desistir desta eleição e voltar a ter minha vida de sétima série.
tem que ver isso aí.