segunda-feira, 26 de julho de 2010

...

- meus sentimentos..
- o semblante dele estava bom..
- ele está melhor do que a gente
- como que aconteceu?

eu nunca tinha estado no lado de cá. só no de lá. e descobri o quão desconfortável é tudo isso.
as melhores coisas que tenho recebido desde sexta-feira são abraços. e alguns sinais de que a pessoa está ali pra quando eu precisar. pronto. é isso que basta.

não adianta falar e falar e falar. nessas horas, não há O QUE se diga que melhore a situação. não, não há, não adianta.
inclusive, me deu vontade de sair correndo cada vez que ouvia explanações, teorias e conclusões sobre vida e morte.
nenhuma delas vai me fazer acreditar que é algo natural e que tinha que acontecer mesmo e que é a ordem das coisas e que é isso e aquilo.

vô, não podia ter esperado mais 24 horas? só 24. eu já teria voltado pra casa. teria falado com você horas antes. e não nove dias, por telefone, no seu aniversário.

eu, que me orgulhava de ter meus quatro avós.
numa dessas descobri que existem coisas muito difíceis de entender.
coisas que, sei lá, nunca vou entender. nem que eu viva mil anos. ou mil vidas.

por que tão rápido, vô?
porra.

porra de cidade longe.
porra de 300 quilômetros de distância.
porra de viagem mais longa da minha vida.

a pior de todas.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

foi issaê

hoje, no meu e-mail, não sei como, encontrei meu memorial.
é um texto tão grande e tão chato, que se eu fosse você não leria.
só coloquei aqui para, daqui a seis meses, abrir de novo e perceber que algumas coisas não mudam.

e outras eu não aprendo. de jeito nenhum, eu acho.


"Mais de R$ 38.400,00 gastos. Mais de 2880 horas de aula. Mais de 72 “para de falar”, mais de 26 “ô tranqueira”, mais de 1500 “Marinas” nas aulas. E uns 93 “Marianas”, mas por engano.

Eu, que um dia já entendi melhor os números, hoje penso nesses – que devem ter uma margem de erro - em meio a pirâmides invertidas e queda do diploma.

Não lembro exatamente quando decidi que faria jornalismo. Sei que foi antes de entrar no colegial. Sétima, oitava série.
Minha família nunca foi contra. Nunca me disseram o que eu deveria escolher para seguir, teoricamente, pelo resto da minha vida. Me deixaram tentar o que eu quisesse. Mas talvez soubessem o que viria pela frente.
Prestei porque dizia que gostava de escrever, de falar e de ler.
- É, mas não é suficiente. Tem muito mais do que isso... – ouvi.
Muito mais. Eu acho que até sabia uma parte. E entrei na Faculdade com uma visão romântica do mundo. E do jornalismo. Não olhava a cidade procurando uma pauta. Via um mundo cor-de-rosa com alguns problemas. E queria mudá-lo. Achei que o jornalismo me ajudaria. É como disseram os Beatles, “we all want to change the world”.
Eu também queria mudar o mundo.

Mal sabia de linhas editoriais, de interesses publicitários ou de “dead line”. Mal sabia que apareceriam juntos, como uma tropa fortemente armada, prontos pra me derrubar!
Descobri aos poucos. E começo a entender como funciona.

No primeiro semestre de faculdade tive o primeiro contato com o lide. Aos trancos e barrancos, aprendi a lidar com ele. Lide com o lide, podia ser a primeira matéria da faculdade. E foi. Mas com um nome “mais acadêmico”: Introdução ao Jornalismo Impresso.
Ali eu pude perceber que, de fato, jornalismo não é só ler e escrever. É, principalmente, entender. Mesmo que nada haja de muito complexo em uma apresentação de jongo. Se você não entende, não escreve. E ninguém lê.
Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece. E eu me lembro de cada passo naquele dia em que fiz a minha primeira matéria. Escrevi, reescrevi, reescrevi... E ainda assim ela não ficou boa. Mas nem eu esperava que ficasse.

Da minha primeira matéria para a última, muito passou. Entrei com 17, saio com 21.
Já fui chamada de desorientada, desnorteada, infantil, e até de Mariana. Cheguei a ouvir, no meio de tudo isso, que tinha amadurecido. E posso dizer que, de fato, mudei muito do primeiro para o último ano. Apesar dos pesares.
Em meio às incertezas do diploma e do futuro, até pensar em prestar vestibular de novo eu pensei. O que restou da tentativa foi a insistência no jornalismo. Além de pedir pro Ministério da Educação o dinheiro da inscrição do meu Enem de volta.

Posso dizer, também, que fiz muitas descobertas durante os quatro anos de Pucc. Do começo ao fim. No penúltimo semestre ainda consegui ter aula com quem eu nunca tinha visto pela universidade. Encontrei pessoas que me fizeram a diferença. Trabalhei. Ouvi teorias e mais teorias. Comentários e mais comentários. Li livros. Jack Kerouac, Haruki Murakami, Otto Groth, Chaparro, Edvaldo Pereira Lima, Cremilda Medina, Gabriel Priolli, García Márquez, Marshall McLuhan. Vi filmes. Quentin Tarantino, Eduardo Coutinho, Ingmar Bergman, os irmãos Cohen, Orson Welles, Charlie Kaufman, Fernando Meirelles.
Tantos nomes que rodearam a minha cabeça, que entraram aos poucos e que disputam espaço.

Se fosse para fazer de novo, faria. Exatamente como fiz. E-xa-ta-men-te. Com tudo o que disse, não disse, ouvi, não ouvi, fiz, não fiz e até com os problemas “políticos”. Não descarto qualquer experiência dos meus quatro anos de faculdade. É claro que não foi uma passagem perfeita. Foi cheia de defeitos e escorregadas. Mas, ainda assim, e por mais clichê que seja, foram os melhores anos dos meus 21.

Eu sei que não vou casar com o Selton Mello, trabalhar no The New York Times e entrevistar o José Saramago.
E é pra não me frustrar com as expectativas, que não faço muitos planos, contrariando a astrologia e os virginianos organizados. Prefiro pensar no futuro a curto prazo. E fazer uma coisa de cada vez.
No momento, minha meta é finalizar a faculdade.
E a única certeza seguinte é que a fiz para me tornar jornalista.
Não pretendo pendurar meu diploma na parede e seguir por um caminho completamente diferente.

É verdade que não sei o que vou almoçar amanhã, quanto mais o que de fato vai acontecer com a minha vida profissional nos próximos anos.
Mas, até onde eu puder guiar, será em direção ao jornalismo.

novembro/09"

domingo, 18 de julho de 2010

50

amanhã meu avô e minha avó fazem bodas de ouro - juntos, é bom lembrar.

os dois foram pro altar quando nascia a turma da mônica. e pra mim isso é marcante, embora não faça qualquer diferença para o resto do mundo.
outros poderiam ficar felizes porque se casavam no ano em que o togo se tornava independente da frança, em que portugal criava a freguesia da gafanha do carmo e no ano em que foi adotada a atual bandeira do estados unidos.
mas eu não.
é que eu tenho, de vida, menos da metade do que eles têm de casados. o que é legal pra mim é legal pra pouca gente.
e, pro vô e pra vó, tudo isso pouco importa. talvez eles nem se lembrem das outras coisas que aconteceram em 1960 além do casório.

eu gosto disso.
eu, que costumo enjoar até de mim mesma.

admiro quem divide toda uma vida com outra pessoa e, 50 anos depois, ainda consegue benzer as alianças e trocá-las para renovar os votos.
admiro a família que construíram, mesmo que com uma única filha.
admiro a vida que levam e o cuidado que ainda têm comigo, como se eu continuasse brincando de passar o RG deles nos vãos do carro, fingindo que é um cartão de banco.

hoje eu parei de fazer essas coisas, mas ainda gosto de abrir a porta, sem tocar a campainha, e ver os dois na sala assistindo à tv.
e o melhor de tudo é que é assim desde que nasci. desde a primeira vez em que fui visitá-los. como se nada tivesse acontecido antes disso. antes de 1988. e tanta coisa aconteceu, né?
imagina pra quem mora no togo. quanta mudança!

vô, vó: parabéns!

terça-feira, 13 de julho de 2010

é pauta, é pedra, é o fim do caminho

lá nos idos do RA 06 conheci essa palavra. pauta.
e também ali comecei a ter medo dela. foi simultâneo.
não tinha ideia de como suportaria quatro anos - na promessa de uma vida inteira - convivendo com a pauta.
em toda a faculdade sugeri não mais que dez: algumas lapidadas pelos professores, algumas derrubadas, outras que viraram qualquer matéria meia boca.
o que eu achava importante era, na verdade, a maior bobagem do universo. (por quê?)
e a pauta é assim: depende dos olhos de quem vê para existir ou não. ser relevante ou não. sair ou não.
essa é uma coisa que se aprende com o tempo, mas é preciso ficar esperto. lembrar de datas, conversar com as pessoas, prestar a atenção em cada frase e se perguntar a todo momento: "a gente já deu isso?".
se não deu, corre. se deu, o negócio é saber como está a situação agora. e arrumar um lide.

às vezes eu acho que deveria ter esperado um pouco mais para entrar na faculdade. com 17 anos o que eu queria saber mesmo era da geração beat, de música, de cinema, de lost, de friends, de lost e de friends.
entrei sem conhecer o significado de mestrado ou a possibilidade de uma carreira acadêmica e sem dar a devida importância para as pautas.

com 21, quatro anos depois, é que algumas teorias que ouvi começam a me fazer sentido na prática. coisas como: "você vai escrever pra quem lê jornal há mais tempo do que você está viva", ou "não deixe a tartaruga fugir" ou até mesmo "marinááá, presta a atenção" - essa última, aliás, a que mais me assombra, porque quando meu nome vem oxitonizado não é um bom sinal, pode acreditar.

no meio - ou no começo - disso tudo, as pautas. e acho que esse é o tipo de coisa que nunca vai mudar.

(essas são apenas as percepções de uma repórter muito novinha que nada tem a ensinar a ninguém. mas ela também não tem a pretensão disso, não.)

domingo, 11 de julho de 2010

tempo

hoje eu contei.
eu diria que cheguei ontem, mas faz 152 dias que estou aqui.

dias bons e ruins.
mais bons.
menos ruins.

muito diferentes.

parece que o tempo passa mais rápido em ribeirão preto do que nos outros lugares.
pra você ter uma ideia, eu pisquei e amanhã já é segunda-feira!

terça-feira, 6 de julho de 2010




e não é?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

sobre voar com gilberto gil


é normal, viu?
de repente vocês estão na mesma sala de embarque, no mesmo avião, no mesmo ônibus que vai para o aeroporto...

só uma coisa é diferente - e confortante: o gilberto gil nunca vai morrer na queda de um avião que vai de porto seguro a campinas. NUNCA.
consequentemente, nesse voo, nem você.