domingo, 27 de junho de 2010

(agora sim) não sei

toda semana a gente entregava um texto diferente, sobre uma entrevista diferente, pra um mesmo professor da faculdade.

os zoados, zoados MESMO, iam pro projetor. com as piores partes em vermelho. e os comentários não menos ruins.
o meu foi quando eu resolvi encaixar a palavra caldeirão em um lide sobre o futuro do jornalismo - o professor nem curtiu a inovação, mas ficou massa, viu?
enfim, toda semana a gente recebia o texto da aula anterior corrigido. sempre um desespero. ou uma piada.
um amigo recebeu a correção.
embaixo do texto dele, só um comentário: TUDO ERRADO.
isso.
os dias se passavam e a gente tentava descobrir o motivo daquela observação.
naquela altura do campeonato, como outras coisas também não iam bem, falei: "pô, mano, eu acho que ele não quis falar só do seu texto. quis falar da vida".

pensando assim, às vezes dá vontade de escrever TUDO ERRADO embaixo de muitas outras coisas.
em baixo de mim, por exemplo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

rei

(foto minha mesmo, que mostra meu talento NATO pra fotografia)

- eu fui ao show do rei!
- mas você não é muito novinha pra gostar de roberto carlos, não?

não, eu não sou.
pra trabalhar, pagar aluguel, fazer compras, levar multa, ninguém pergunta se eu sou muito novinha.
inclusive, se eu pudesse, seria muito novinha pra todas essas coisas aí. menos para o rei.
ninguém estranharia eu gostar de jota quest, estranharia? nem se eu estivesse cantando a versão de 'além do horizonte' que eles fizeram. aliás, gosto menos dela do que da original. e menos deles do que do robertão.
porque quando a gente começa a ter noção das coisas da vida, idade passa a não ter nada a ver com gosto. ou com atitudes. é uma simples desculpa pra tudo o que a gente faz.

ass.: eu, com 21.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

saudade

se eu pudesse, faria assim: colocaria todo mundo que eu gosto dentro de uma bolsa e levaria pra lá e pra cá.

mas, principalmente, ficaria com ela em casa. o tempo todo. porque é aí que mora o perigo.
é aí que só o roberto bolaño, o tom wolfe, o garcia márquez e o gay talese podem te salvar. que só o woody allen, o almodóvar, o ang lee e os normais mostram que há um fiozinho de esperança pra solidão.

"nunca fique na sua casa. saia o tempo todo", me aconselhou um amigo quando eu disse que ia morar sozinha.

é uma boa dica. talvez a melhor.

terça-feira, 15 de junho de 2010

uma da copa

aí que eu fui cobrir a greve, não tinha nenhum adereço da copa, vi uma banca de revista toda decorada. fui lá, né?

- moço, quanto tá a bandeira?
- ih, moça, são meus enfeites. elas não tão à venda.
- aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah....

ele tira uma, me dá e diz:
- um real.
eu compro.

porque, dizem, tudo no mundo é negócio.

ou, também dizem, eu preciso crescer.

e agora a bandeira tem que ficar do lado da televisão. ali deu sorte.

domingo, 13 de junho de 2010

waking life


"the ride does not require an explanation. just occupants. that's where you guys come in. it's like you come onto this planet with a crayon box. now, you may get the 8-pack, you may get the 16-pack. but it's all in what you do with the crayons, the colors that you're given. and don't worry about drawing within the lines or coloring outside the lines. i say color outside the lines. you know what i mean? color right off the page. don't box me in. we're in motion to the ocean. we are not landlocked, i'll tell ya that. so where do you want out?"

(2001, waking life - LINKLATER, richard)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

genial



indicado pelo dono daqui.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

sobre videogame



quando fica ruim pra um, fica ruim pra todo mundo.

só não sei se fica ruim pra um porque tá ruim pra todo mundo ou se fica ruim pra todo mundo porque tá ruim pra um. ainda tô pensando nisso.

lembro de uma vez que um amigo terminou o namoro e disse que três amigos também tinham terminado naquela época.

lembro que quando alguém dançava na faculdade era questão de dias para o resto seguir o passo.

percebi que as pessoas não precisam nem estar perto pra que isso aconteça. por telefone, com quilômetros de distância, dá pra perceber.

deve ser a época. deve existir uma semana no mundo em que nada dá certo pra algumas pessoas. depois, na outra semana, mais gente. e assim por diante. até fechar o ciclo.
mas fecha.

e a semana acaba como se fosse a pista e a vida um mario kart.
às vezes vão jogar uma banana no asfalto. e você tem que desviar, senão escorrega.
às vezes vão jogar o casco vermelho, que vai te perseguir. e aí, não tem como escapar.
às vezes vão jogar o casco verde, que não tem destino certo - esse pega em qualquer um.

mas uma hora ou outra sempre sai um cogumelo. ou a estrela.
aí muda a musiquinha, a velocidade e a posição na corrida.

e, às vezes, até dá pódio.

sábado, 5 de junho de 2010

onde vivem os monstros


douglas: will you keep out all the sadness?
max: i have a sadness shield that keeps out all the sadness, and it's big enough for all of us.

(where the wild things are - JONZE, spike - 2009)