Mostrando postagens com marcador cotidiano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cotidiano. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

2010

em 2010 eu perdi meu avô pontepretano. ele saiu do campo antes de o jogo terminar. a partida ainda tá rolando, eu ainda tô aqui, mas ele não. foi a primeira vez que eu perdi alguém que estava bem perto de mim. não vai ser a última, eu sei.

em 2010 eu me mudei de cidade. acho que foi o ano em que mais senti saudade até hoje. não moro mais com meu pai, minha mãe e meu irmão caçula. mas, 226 quilômetros longe de casa, arrumei mais uns dois pais, uma meia dúzia de mães, alguns irmãos mais velhos e uma primaiada aí!

eu criei algumas responsabilidades que não tinha e continuo em falta com algumas: falo demais, rio demais, me mexo demais, viajo demais e repito bobagem demais.

na maioria das vezes, sou do 'demais' mesmo. acho difícil achar um meio termo nas coisas. eu até acho. mas não pra tudo. e não sempre: ou exagero ou faço de menos.

este ano eu dei um pouco de pavor numas festas aí. mas a culpa, lembrem-se, é sempre do que comi e não do que bebi. tem coisa que não cai bem no estômago, sabe? cerveja não é uma delas. pastel sim.

este ano eu tomei uma cacetada de bronca e ainda vou tomar, porque temos aí mais algumas semanas em 2010.
na verdade, ainda tô aprendendo a receber as cachimbadas, porque não era muito acostumada com críticas. hoje elas são mais comuns do que passar calor em ribeirão preto - mas arrisco dizer que me incomodam menos do que as altas temperaturas.

hmmm... que mais? ah, essa é boa (pra chorar): dei um show de apuração e levei quatro furos da mesma história. coisa que vou carregar pro resto da vida. pensei em desistir e voltar pra casa quando isso aconteceu. até agora eu tô por aqui mesmo, né.
vi o paul mccartney, fiz amigos e inimigos, briguei com a minha impaciência - e ela continua aqui.

em 22 anos nunca errei tanto como em 2010. um amigo me disse: 'calma e desencana, porque o jornalismo é a arte de errar muito pra aprender'.
eu acho que ele só quis me tranquilizar. conseguiu.

eu sei que o ano ainda não acabou e que é uma bobagem esse lance de balanço de tudo o que passou. de ver até onde cheguei antes do reveillon.
mas a verdade é que todo mundo faz isso, mesmo que mentalmente.
aposto que você também.

a diferença é que eu tô meio orgulhosa de mim, tal, e queria falar em público.
queria agradecer, de forma quase direta, a todos que me ajudaram nessa mudança aí. porque, se alguma coisa deu certo neste ano, com certeza alguém me ajudou a fazê-la.

obg a tds os envolvidos.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

já era

- pai, que que é aquilo?
e o pai continua a andar, enquanto eu continuo na seção das biografias.

- ô pai, que que éééé?

o pai, andando, diz:
- é um lp, um long play, filho.

...

- que que é um long play, pai?

- é pra ouvir música, filho. é mais antigo, como se fosse um cdzão.

- mas funciona?


funciona. e, de repente, eu percebi que a geração que não sabe o que é disco de vinil já anda, fala, come... e daqui a pouco vai se formar, trabalhar... segura essa, mundo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

eu no mcdonald's

aí que eu saí do trabalho e fui jantar.

- boa noite, qual o seu pedido?
- oi moça, eu quero o número 2.
- o quarterão?
- não, não. é que eu preciso usar o banheiro daí mesmo.

brinks, eu não falei isso.
porque, né? chato.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

dúvidas

eu queria saber quem é o responsável por trazer os lançamentos de livros para ribeirão preto e se o meio de transporte dessa pessoa é uma tartaruga.

grata.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

...

não costumo pedir coisas > gosto, até por vaidade, de saber que posso me virar sozinha > então, quando peço algo a alguém, sei ouvir não e sei também que ninguém tem que me ajudar em nada, apesar de saber que conto com ajuda dos amigos milhares de vezes > moro sozinha, vivo sozinha em uma cidade imensa e aprendi com o tempo a não achar estranho uma recusa > hoje, quando chegar em casa, e entrar ali vou me lembrar de que o texto que seria publicado no lugar deste perdeu um bocado do sentido > agora, choro > mas é choro de mulher, passa logo > vai, Fernanda > vai lá > tem uma van te esperando no térreo.

queria escrever que nem ela, a fernanda d'umbra.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

ser pedestre em ribeirão preto

é contar com a sorte, principalmente.
é ter muita atenção e pouca timidez. tem de ousar. mas com cautela.

na maioria dos cruzamentos não há semáforo para pedestres. há para carros.
aí, quem quer atravessar a rua tem de se colocar como um automóvel e raciocinar rapidamente: se fechou aqui, posso passar, mas tenho de parar ali, esperar abrir, pra poder passar ali e parar lá.
assim vai.
deve ser porque é uma cidade de gente rica, onde todo mundo pode comprar seu carrinho com ar-condicionado.

ser um bom pedestre é questão de prática, assim como ser um bom motorista.
inclusive, acho que é possível classificar a maneira como as pessoas passam para o outro lado da calçada. ouquei, digam que sou louca, mas algumas têm o dom para isso. sabem o tempo certo e atravessam como ninguém.
a questão é: aposto que inclusive elas se sentiriam mais confortáveis com um semáforo específico, que desse mais segurança a todo esse processo.

nós, reles pedestres, perdemos espaços para os motoristas (há um tempo, eu sei). e o caso está tão grave, mas tão grave, que temos de respeitá-los mais do que vice-versa.

minha próxima - boa - ideia é grudar um adesivo na testa: "como estou atravessando? (e o número do meu celular embaixo)". vai que ajuda.

em ribeirão, atravessar uma simples rua pode ser um turbilhão de emoções e uma volta pelo centro da cidade é um show de stress. não que dirigir seja mais tranquilo, porque os mesmos motoristas que não respeitam os pedestres são aqueles que também não ligam se cruzaram um sinal vermelho ou invadiram a faixa do lado.

acho que descobri a origem do meu primeiro fio de cabelo branco.

domingo, 12 de setembro de 2010

televisão e comida

outro dia - há um tempo, é verdade - eu comecei a me perguntar: e se os programas de televisão a que assisto fossem comidas?

cheguei a conclusão de que lost seria comida japonesa, porque não é da primeira vez que você gosta e tem de insistir na tentativa para apreciar.

friends seria doritos. seinfeld também. porque né? não tem erro.

desperate housewives seria torta holandesa: é bom, mas um pedaço. ou dois. comer muito enjoa.

modern family é aquela bolacha bon gouter. dá pra destruir o pacote em uma sentada. e o produto é refinado.

grey's anatomy é sorvete. no pote, porque 90% dos episódios são maior fossa.

os normais é arroz e feijão. brasileiro, bom e indispensável.

ER é chocolate. tenso: você vai engordar ou ganhar espinhas. e o nego vai conseguir ressuscitar o amigo com o desfibrilador no final.

é isso.
e olha que falta faz a tv a cabo.
desatualização 2010.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

o novo dicionário

definições de palavras quando se mora sozinha (o)
(baseado em fatos reais)

tristeza: é quando você abre o congelador e descobre que comprou panqueca de carne ao invés de frango - porque você não gosta da primeira.

medo: é quando você sai e acha que esqueceu o ferro ligado na tomada.

solidão: é o que você sente quando ouve a festa que o vizinho está dando.

silêncio: é quando esse vizinho ABAIXA o volume.

fome: é o que você sente quando acaba a bolacha água e sal. e o miojo.

felicidade: é quando você abre a geladeira e tem sorvete.

desespero: é quando você quer pedir chinês, mas não tem telefone fixo. nem crédito no celular.

alegria: é ver um filme inteiro sem ninguém pra te interromper.

trampo: lavar o banheiro. e a louça. e a roupa.


em construção - aceito contribuições.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

esta é minha última postagem

quando um ciclo se fecha, outro se abre. e assim pra sempre.
tem horas que chega a hora. simplesmente isso. e você percebe quando acontece. sim. sempre assim.
uns dizem que não, mas eu acho que tem que ver isso aí.

e essa é a minha hora.
é a última postagem.
a última.

não adianta chorar, espernear, se debater, porque vai ser isso mesmo.
a última postagem.

quando eu resolvi abrir este blog, eu sabia que esse dia chegaria.
sei lá, depende de um monte de coisa pra outro monte de coisa acontecer.
mas acho que a principal delas é o tempo.
e, com o tempo, acontece um negócio aqui, outro ali...quando você vê, tomou decisões e passou por inúmeras situações. INÚMERAS. tanto entre as que você imaginava e as que não.

aaah, mas essa eu previ. e como previ!
sim, eu sei, não contavam com minha astúcia.


eu sabia que, hora ou outra, esse dia chegaria.

portanto, esta é minha última postagem.
a última.


com 21 anos.


porque, na próxima, semana que vem, já estarei com 22.


rá!
inté!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

hoje eu cometi suicídio virtual


pelo menos é assim que as pessoas que entendem dessas coisas chamam o que fiz.



é tipo isso: não tenho mais twitter, orkut ou facebook.
e sim, eu sei o quanto é irônico afirmar todas essas coisas por um blog. porque, quer queira, quer não, este é só mais um meio que tenho para divulgar, online, todas as coisas que penso barra faço barra imagino barra acredito. e elas nem são tão importantes assim.

todos os outros "sites de relacionamento" dos quais eu fazia parte serviam como uma forma de contato com os meus amigos. é foda. quando você está longe e não tem telefone fixo, fica difícil ligar sempre. uma twittada aqui, um scrap ali ou escrever no mural de alguém eram as alternativas que me restavam.
mas aí parei para pensar: nunca recebi uma boa notícia sequer por esses sites aí (muito pelo contrário), nunca tinha vontade de responder aos recados e muito menos pique para ler todas as mensagens de horas anteriores.
é, eu tô ficando velha.

eu, que cheguei atrasada em todas as redes. comecei depois de todo mundo. fui fraca, joguei a toalha, bebi leite. e pronto.

é mais ou menos assim: daqui pra frente só e-mail, msn e aqui (por enquanto).
coisas dos idosos da geração y.
vai entender.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

da série: frases que só eu escuto


"se eu soubesse que você lia revista teen, não teria te contratado".

tá no top 10 das mais bem pensadas que já ouvi.


só não sei se a pior parte está antes ou depois da vírgula.



acho que antes, né?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

mera coincidência

era uma vez uma menina que inventou de estudar jornalismo.
no primeiro semestre, com 17 anos, ela teve o professor mais difícil da história dos professores.
chorou, pensou em desistir, mas sobreviveu.

sobreviveu e riu. (e essa combinação virou rotina)

ela ria, e muito, porque seus amigos se fodiam tanto quanto ela. era lei.
a espinafrada vinha dia sim, dia sim. cada hora pra um, às vezes pra todos.
engraçado mesmo é quando é com os outros. mas ali ela aprendeu que podia dar risada quando tomava uns cortes.

enfim, a história não é essa. a história começa quando, uma vez, na primeira matéria da faculdade com esse professor, no primeiro semestre, a menina foi fazer uma pauta sobre jongo. uma apresentação cultural.
a pauta, o texto, a diagramação....tudo foi e voltou pra mesa do mestre um sem número de vezes. e não menos ela consertava e tentava de novo, consertava e tentava de novo, consertava e tentava de novo...

mas, como em toda história há um mas, ela escorregou.
tinha todos os integrantes do grupo, pessoas extras, especialistas, inhéinhéinhé e o professor queria um espectador da apresentação.

foi aí que o marcos peres nasceu.

- olha, vou colocar aqui que um aposentado de 50 anos viu e gostou do negócio. vai chamar marcos peres.
- com z?, perguntou um amigo.
- não, não quero que ele seja parente da carla, a menina respondeu.
- beleza, minha veterinária vai se chamar kátia vieira.

a dupla foi lembrada pela dupla durante os quatro anos de faculdade.
a menina e seu amigo tinham como meta na vida encontrar pessoas reais com esses nomes ou poder repeti-los em alguma ocasião.
ainda não conseguiram, me disseram. mas pararam por ali. nunca mais.

tempos depois, a menina arrumou um emprego. largou essa vida da ficção e resolveu partir pra realidade de fato.
fazia matérias aqui e ali, até que um dia uma delas saiu pouco mais de um mês depois de feita e algumas pessoas não gostaram.
é, isso acontece de vez em quando.

a menina aí sim foi surpreendida com um telefonema.

- olha, a gente rastreou essa personagem e a última consulta dela foi há muito tempo. onde ela foi atendida? onde foi essa foto? porque depois disso melhorou, o atendimento não está mais demorado.

"não está mais demorado". primeiro sinal de que um dia esteve. a moça esperou, coitada e queria falar. não importa se esperou há 10 ou 20 anos. passou por isso e era o que cabia ali. o que a menina acha que cabia. mas ela pode estar errada. vai saber.

o que importa mesmo é o que deixou a menina confortável com toda essa história. ela se sentiu confiante pelo simples fato de que quem lhe deu a entrevista não foi o marcos peres ou a kátia vieira. foi uma pessoa que pode, até, ser rastreada. e foi.

e qualquer semelhança com a realidade...a menina não precisa repetir.



domingo, 1 de agosto de 2010

140 toques

meu twitter quebrou faz dois dias e eu não consigo twittar sobre isso.

NERVOOOOOOO!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

foi issaê

hoje, no meu e-mail, não sei como, encontrei meu memorial.
é um texto tão grande e tão chato, que se eu fosse você não leria.
só coloquei aqui para, daqui a seis meses, abrir de novo e perceber que algumas coisas não mudam.

e outras eu não aprendo. de jeito nenhum, eu acho.


"Mais de R$ 38.400,00 gastos. Mais de 2880 horas de aula. Mais de 72 “para de falar”, mais de 26 “ô tranqueira”, mais de 1500 “Marinas” nas aulas. E uns 93 “Marianas”, mas por engano.

Eu, que um dia já entendi melhor os números, hoje penso nesses – que devem ter uma margem de erro - em meio a pirâmides invertidas e queda do diploma.

Não lembro exatamente quando decidi que faria jornalismo. Sei que foi antes de entrar no colegial. Sétima, oitava série.
Minha família nunca foi contra. Nunca me disseram o que eu deveria escolher para seguir, teoricamente, pelo resto da minha vida. Me deixaram tentar o que eu quisesse. Mas talvez soubessem o que viria pela frente.
Prestei porque dizia que gostava de escrever, de falar e de ler.
- É, mas não é suficiente. Tem muito mais do que isso... – ouvi.
Muito mais. Eu acho que até sabia uma parte. E entrei na Faculdade com uma visão romântica do mundo. E do jornalismo. Não olhava a cidade procurando uma pauta. Via um mundo cor-de-rosa com alguns problemas. E queria mudá-lo. Achei que o jornalismo me ajudaria. É como disseram os Beatles, “we all want to change the world”.
Eu também queria mudar o mundo.

Mal sabia de linhas editoriais, de interesses publicitários ou de “dead line”. Mal sabia que apareceriam juntos, como uma tropa fortemente armada, prontos pra me derrubar!
Descobri aos poucos. E começo a entender como funciona.

No primeiro semestre de faculdade tive o primeiro contato com o lide. Aos trancos e barrancos, aprendi a lidar com ele. Lide com o lide, podia ser a primeira matéria da faculdade. E foi. Mas com um nome “mais acadêmico”: Introdução ao Jornalismo Impresso.
Ali eu pude perceber que, de fato, jornalismo não é só ler e escrever. É, principalmente, entender. Mesmo que nada haja de muito complexo em uma apresentação de jongo. Se você não entende, não escreve. E ninguém lê.
Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece. E eu me lembro de cada passo naquele dia em que fiz a minha primeira matéria. Escrevi, reescrevi, reescrevi... E ainda assim ela não ficou boa. Mas nem eu esperava que ficasse.

Da minha primeira matéria para a última, muito passou. Entrei com 17, saio com 21.
Já fui chamada de desorientada, desnorteada, infantil, e até de Mariana. Cheguei a ouvir, no meio de tudo isso, que tinha amadurecido. E posso dizer que, de fato, mudei muito do primeiro para o último ano. Apesar dos pesares.
Em meio às incertezas do diploma e do futuro, até pensar em prestar vestibular de novo eu pensei. O que restou da tentativa foi a insistência no jornalismo. Além de pedir pro Ministério da Educação o dinheiro da inscrição do meu Enem de volta.

Posso dizer, também, que fiz muitas descobertas durante os quatro anos de Pucc. Do começo ao fim. No penúltimo semestre ainda consegui ter aula com quem eu nunca tinha visto pela universidade. Encontrei pessoas que me fizeram a diferença. Trabalhei. Ouvi teorias e mais teorias. Comentários e mais comentários. Li livros. Jack Kerouac, Haruki Murakami, Otto Groth, Chaparro, Edvaldo Pereira Lima, Cremilda Medina, Gabriel Priolli, García Márquez, Marshall McLuhan. Vi filmes. Quentin Tarantino, Eduardo Coutinho, Ingmar Bergman, os irmãos Cohen, Orson Welles, Charlie Kaufman, Fernando Meirelles.
Tantos nomes que rodearam a minha cabeça, que entraram aos poucos e que disputam espaço.

Se fosse para fazer de novo, faria. Exatamente como fiz. E-xa-ta-men-te. Com tudo o que disse, não disse, ouvi, não ouvi, fiz, não fiz e até com os problemas “políticos”. Não descarto qualquer experiência dos meus quatro anos de faculdade. É claro que não foi uma passagem perfeita. Foi cheia de defeitos e escorregadas. Mas, ainda assim, e por mais clichê que seja, foram os melhores anos dos meus 21.

Eu sei que não vou casar com o Selton Mello, trabalhar no The New York Times e entrevistar o José Saramago.
E é pra não me frustrar com as expectativas, que não faço muitos planos, contrariando a astrologia e os virginianos organizados. Prefiro pensar no futuro a curto prazo. E fazer uma coisa de cada vez.
No momento, minha meta é finalizar a faculdade.
E a única certeza seguinte é que a fiz para me tornar jornalista.
Não pretendo pendurar meu diploma na parede e seguir por um caminho completamente diferente.

É verdade que não sei o que vou almoçar amanhã, quanto mais o que de fato vai acontecer com a minha vida profissional nos próximos anos.
Mas, até onde eu puder guiar, será em direção ao jornalismo.

novembro/09"

domingo, 18 de julho de 2010

50

amanhã meu avô e minha avó fazem bodas de ouro - juntos, é bom lembrar.

os dois foram pro altar quando nascia a turma da mônica. e pra mim isso é marcante, embora não faça qualquer diferença para o resto do mundo.
outros poderiam ficar felizes porque se casavam no ano em que o togo se tornava independente da frança, em que portugal criava a freguesia da gafanha do carmo e no ano em que foi adotada a atual bandeira do estados unidos.
mas eu não.
é que eu tenho, de vida, menos da metade do que eles têm de casados. o que é legal pra mim é legal pra pouca gente.
e, pro vô e pra vó, tudo isso pouco importa. talvez eles nem se lembrem das outras coisas que aconteceram em 1960 além do casório.

eu gosto disso.
eu, que costumo enjoar até de mim mesma.

admiro quem divide toda uma vida com outra pessoa e, 50 anos depois, ainda consegue benzer as alianças e trocá-las para renovar os votos.
admiro a família que construíram, mesmo que com uma única filha.
admiro a vida que levam e o cuidado que ainda têm comigo, como se eu continuasse brincando de passar o RG deles nos vãos do carro, fingindo que é um cartão de banco.

hoje eu parei de fazer essas coisas, mas ainda gosto de abrir a porta, sem tocar a campainha, e ver os dois na sala assistindo à tv.
e o melhor de tudo é que é assim desde que nasci. desde a primeira vez em que fui visitá-los. como se nada tivesse acontecido antes disso. antes de 1988. e tanta coisa aconteceu, né?
imagina pra quem mora no togo. quanta mudança!

vô, vó: parabéns!

terça-feira, 13 de julho de 2010

é pauta, é pedra, é o fim do caminho

lá nos idos do RA 06 conheci essa palavra. pauta.
e também ali comecei a ter medo dela. foi simultâneo.
não tinha ideia de como suportaria quatro anos - na promessa de uma vida inteira - convivendo com a pauta.
em toda a faculdade sugeri não mais que dez: algumas lapidadas pelos professores, algumas derrubadas, outras que viraram qualquer matéria meia boca.
o que eu achava importante era, na verdade, a maior bobagem do universo. (por quê?)
e a pauta é assim: depende dos olhos de quem vê para existir ou não. ser relevante ou não. sair ou não.
essa é uma coisa que se aprende com o tempo, mas é preciso ficar esperto. lembrar de datas, conversar com as pessoas, prestar a atenção em cada frase e se perguntar a todo momento: "a gente já deu isso?".
se não deu, corre. se deu, o negócio é saber como está a situação agora. e arrumar um lide.

às vezes eu acho que deveria ter esperado um pouco mais para entrar na faculdade. com 17 anos o que eu queria saber mesmo era da geração beat, de música, de cinema, de lost, de friends, de lost e de friends.
entrei sem conhecer o significado de mestrado ou a possibilidade de uma carreira acadêmica e sem dar a devida importância para as pautas.

com 21, quatro anos depois, é que algumas teorias que ouvi começam a me fazer sentido na prática. coisas como: "você vai escrever pra quem lê jornal há mais tempo do que você está viva", ou "não deixe a tartaruga fugir" ou até mesmo "marinááá, presta a atenção" - essa última, aliás, a que mais me assombra, porque quando meu nome vem oxitonizado não é um bom sinal, pode acreditar.

no meio - ou no começo - disso tudo, as pautas. e acho que esse é o tipo de coisa que nunca vai mudar.

(essas são apenas as percepções de uma repórter muito novinha que nada tem a ensinar a ninguém. mas ela também não tem a pretensão disso, não.)

domingo, 11 de julho de 2010

tempo

hoje eu contei.
eu diria que cheguei ontem, mas faz 152 dias que estou aqui.

dias bons e ruins.
mais bons.
menos ruins.

muito diferentes.

parece que o tempo passa mais rápido em ribeirão preto do que nos outros lugares.
pra você ter uma ideia, eu pisquei e amanhã já é segunda-feira!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

sobre voar com gilberto gil


é normal, viu?
de repente vocês estão na mesma sala de embarque, no mesmo avião, no mesmo ônibus que vai para o aeroporto...

só uma coisa é diferente - e confortante: o gilberto gil nunca vai morrer na queda de um avião que vai de porto seguro a campinas. NUNCA.
consequentemente, nesse voo, nem você.

domingo, 27 de junho de 2010

(agora sim) não sei

toda semana a gente entregava um texto diferente, sobre uma entrevista diferente, pra um mesmo professor da faculdade.

os zoados, zoados MESMO, iam pro projetor. com as piores partes em vermelho. e os comentários não menos ruins.
o meu foi quando eu resolvi encaixar a palavra caldeirão em um lide sobre o futuro do jornalismo - o professor nem curtiu a inovação, mas ficou massa, viu?
enfim, toda semana a gente recebia o texto da aula anterior corrigido. sempre um desespero. ou uma piada.
um amigo recebeu a correção.
embaixo do texto dele, só um comentário: TUDO ERRADO.
isso.
os dias se passavam e a gente tentava descobrir o motivo daquela observação.
naquela altura do campeonato, como outras coisas também não iam bem, falei: "pô, mano, eu acho que ele não quis falar só do seu texto. quis falar da vida".

pensando assim, às vezes dá vontade de escrever TUDO ERRADO embaixo de muitas outras coisas.
em baixo de mim, por exemplo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

saudade

se eu pudesse, faria assim: colocaria todo mundo que eu gosto dentro de uma bolsa e levaria pra lá e pra cá.

mas, principalmente, ficaria com ela em casa. o tempo todo. porque é aí que mora o perigo.
é aí que só o roberto bolaño, o tom wolfe, o garcia márquez e o gay talese podem te salvar. que só o woody allen, o almodóvar, o ang lee e os normais mostram que há um fiozinho de esperança pra solidão.

"nunca fique na sua casa. saia o tempo todo", me aconselhou um amigo quando eu disse que ia morar sozinha.

é uma boa dica. talvez a melhor.