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terça-feira, 26 de outubro de 2010

ser pedestre em ribeirão preto

é contar com a sorte, principalmente.
é ter muita atenção e pouca timidez. tem de ousar. mas com cautela.

na maioria dos cruzamentos não há semáforo para pedestres. há para carros.
aí, quem quer atravessar a rua tem de se colocar como um automóvel e raciocinar rapidamente: se fechou aqui, posso passar, mas tenho de parar ali, esperar abrir, pra poder passar ali e parar lá.
assim vai.
deve ser porque é uma cidade de gente rica, onde todo mundo pode comprar seu carrinho com ar-condicionado.

ser um bom pedestre é questão de prática, assim como ser um bom motorista.
inclusive, acho que é possível classificar a maneira como as pessoas passam para o outro lado da calçada. ouquei, digam que sou louca, mas algumas têm o dom para isso. sabem o tempo certo e atravessam como ninguém.
a questão é: aposto que inclusive elas se sentiriam mais confortáveis com um semáforo específico, que desse mais segurança a todo esse processo.

nós, reles pedestres, perdemos espaços para os motoristas (há um tempo, eu sei). e o caso está tão grave, mas tão grave, que temos de respeitá-los mais do que vice-versa.

minha próxima - boa - ideia é grudar um adesivo na testa: "como estou atravessando? (e o número do meu celular embaixo)". vai que ajuda.

em ribeirão, atravessar uma simples rua pode ser um turbilhão de emoções e uma volta pelo centro da cidade é um show de stress. não que dirigir seja mais tranquilo, porque os mesmos motoristas que não respeitam os pedestres são aqueles que também não ligam se cruzaram um sinal vermelho ou invadiram a faixa do lado.

acho que descobri a origem do meu primeiro fio de cabelo branco.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

rei

(foto minha mesmo, que mostra meu talento NATO pra fotografia)

- eu fui ao show do rei!
- mas você não é muito novinha pra gostar de roberto carlos, não?

não, eu não sou.
pra trabalhar, pagar aluguel, fazer compras, levar multa, ninguém pergunta se eu sou muito novinha.
inclusive, se eu pudesse, seria muito novinha pra todas essas coisas aí. menos para o rei.
ninguém estranharia eu gostar de jota quest, estranharia? nem se eu estivesse cantando a versão de 'além do horizonte' que eles fizeram. aliás, gosto menos dela do que da original. e menos deles do que do robertão.
porque quando a gente começa a ter noção das coisas da vida, idade passa a não ter nada a ver com gosto. ou com atitudes. é uma simples desculpa pra tudo o que a gente faz.

ass.: eu, com 21.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

classe a

- é condomínio?
- não, é loteamento.
- loteamento?
- é, loteamento...mas o que isso quer dizer?

eu quase não sei. e, a essa altura do campeonato, nem importa.

o que importa mesmo é que, no meio de tanta gente, com tanto dinheiro e tantos privilégios, uma cadeira faz toda diferença.
AQUELA cadeira.
a cadeira em que sentei e única que passou à condição de ocupada, dentre as outras mais de 20.
mas aí que ele colocou na cabeça que queria sentar ali.
"preciso assinar um papel, posso sentar aí?", perguntou.
"pode, pode, claro", respondeu minha educação interiorana no interior.

por mais lisonjeiro que tenha sido o fato de minha cadeira ter sido a escolhida, me perguntei por um pequeno tempo o motivo da escolha.

percebi que nos meus 21 anos já tinha me feito a mesma pergunta outras vezes. já tinha ficado sem resposta outras tantas vezes.
já tinha entendido que a vida tem dessas coisas.
já tinha me decepcionado.

(e já tinha percebido o quanto é estúpido insistir nessa ideia)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

quando você muda de cidade, o clima é outro, as pessoas são outras e você nem tem certeza do que está fazendo ali.

depois de três meses da mudança, fica mais fácil. você sabe aonde ir, começa a saber com quem falar e tem uma ideia de como a cidade funciona.

depois de três meses, você também já encontrou um lugar pra morar, já tem um celular com o ddd da cidade e fez cadastro na locadora - embora tenha sido um pouco difícil arrumar uma referência com telefone fixo.

depois de três meses você tem menos medos. é verdade.
nem tudo e todos te assustam mais.
(alguns ainda sim. mas me disseram que isso é normal.)

outro dia, chegando no jornal, olhei para a porta e pensei na primeira vez em que passei por ela.
na primeira vez em que toquei o interfone.
e na primeira vez em que pisei numa redação para trabalhar.

pensei no quanto aquela porta me assustava.

pensei que, um tempo depois, meu maior medo era de quem estava lá dentro.

e pensei que, hoje, o que deve me assustar mesmo é quem está do lado de fora.