segunda-feira, 16 de agosto de 2010

mera coincidência

era uma vez uma menina que inventou de estudar jornalismo.
no primeiro semestre, com 17 anos, ela teve o professor mais difícil da história dos professores.
chorou, pensou em desistir, mas sobreviveu.

sobreviveu e riu. (e essa combinação virou rotina)

ela ria, e muito, porque seus amigos se fodiam tanto quanto ela. era lei.
a espinafrada vinha dia sim, dia sim. cada hora pra um, às vezes pra todos.
engraçado mesmo é quando é com os outros. mas ali ela aprendeu que podia dar risada quando tomava uns cortes.

enfim, a história não é essa. a história começa quando, uma vez, na primeira matéria da faculdade com esse professor, no primeiro semestre, a menina foi fazer uma pauta sobre jongo. uma apresentação cultural.
a pauta, o texto, a diagramação....tudo foi e voltou pra mesa do mestre um sem número de vezes. e não menos ela consertava e tentava de novo, consertava e tentava de novo, consertava e tentava de novo...

mas, como em toda história há um mas, ela escorregou.
tinha todos os integrantes do grupo, pessoas extras, especialistas, inhéinhéinhé e o professor queria um espectador da apresentação.

foi aí que o marcos peres nasceu.

- olha, vou colocar aqui que um aposentado de 50 anos viu e gostou do negócio. vai chamar marcos peres.
- com z?, perguntou um amigo.
- não, não quero que ele seja parente da carla, a menina respondeu.
- beleza, minha veterinária vai se chamar kátia vieira.

a dupla foi lembrada pela dupla durante os quatro anos de faculdade.
a menina e seu amigo tinham como meta na vida encontrar pessoas reais com esses nomes ou poder repeti-los em alguma ocasião.
ainda não conseguiram, me disseram. mas pararam por ali. nunca mais.

tempos depois, a menina arrumou um emprego. largou essa vida da ficção e resolveu partir pra realidade de fato.
fazia matérias aqui e ali, até que um dia uma delas saiu pouco mais de um mês depois de feita e algumas pessoas não gostaram.
é, isso acontece de vez em quando.

a menina aí sim foi surpreendida com um telefonema.

- olha, a gente rastreou essa personagem e a última consulta dela foi há muito tempo. onde ela foi atendida? onde foi essa foto? porque depois disso melhorou, o atendimento não está mais demorado.

"não está mais demorado". primeiro sinal de que um dia esteve. a moça esperou, coitada e queria falar. não importa se esperou há 10 ou 20 anos. passou por isso e era o que cabia ali. o que a menina acha que cabia. mas ela pode estar errada. vai saber.

o que importa mesmo é o que deixou a menina confortável com toda essa história. ela se sentiu confiante pelo simples fato de que quem lhe deu a entrevista não foi o marcos peres ou a kátia vieira. foi uma pessoa que pode, até, ser rastreada. e foi.

e qualquer semelhança com a realidade...a menina não precisa repetir.



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